terça-feira, 24 de maio de 2011

Lugares da dança - Mostra vai de hoje a sábado

Hoje pela manhã, a bailarina Cláudia Müller visitará três lugares de Caxias entregando a três pessoas uma dança. A ação faz parte do projeto Dança Contemporânea em Domicílio, que integra a mostra Solos Contemporâneos Alguns Rumos, de hoje a sábado. Na performance O Que Antecede a Morte (foto ao lado), do catarinense Marcos Klann, que será apresentada amanhã, às 20h, na Sala de Teatro, junto ao Ordovás, o público tem que assistir ao bailarino sofrer choques elétricos. Ele também fica pendurado pelos pés, segurando as cordas, aguentando o quanto pode. Em outro momento, tem bombinhas presas ao rosto que explodem em sua cara. Nos dois dos seis trabalhos que integram a programação, um recorte sobre as ousadias e inovações que a dança contemporânea brasileira vem promovendo. Cada vez mais, a ação de bailarinos, coreógrafos, pesquisadores e performers rompe limites, inaugura outras frentes artísticas.

– O meu contexto de trabalho explora justamente as fronteiras borradas entre dança e teatro. Como o público está numa sala de teatro, a convenção é que ele não pode sair, tem que assistir às sensações de risco até o fim – diz Klann, que também pisa em ratoeiras e fica sob uma pedra que pode lhe cair sobre a cabeça, sabendo que isso incomoda, e muito, o público: – Teve gente que já saiu da sala pensando que eu ia matar todo mundo.

No trabalho de Eduardo Fukushima, Como Superar o Grande Cansaço?, a exaustão que atinge o corpo do bailarino rompe a tal quarta parede do palco italiano, exaurindo também a plateia. A coreografia foi elaborada a partir das leituras do filósofo Friedrich Nietzsche. Fukushima se concentra na construção de gestos dentro de uma qualidade de movimento específica, produzindo uma dança que existe no confronto com as incertezas, precariedades e fragilidades da vida.

Ao decidir pelo diálogo com a brincante Maria da Graça, a coreógrafa Andréa Bardawil, de Fortaleza, propôs partituras coreográficas novas para um corpo experiente na dança folclórica e no flamenco. O resultado é Graça, fusão de trajetórias distintas e uma delicada conversa entre a cultura popular e o ensino formal da dança cênica, que será apresentada sábado. O terceiro vértice, uma terceira margem para ambas, atravessa a experiência.

O Que Antecede a Morte, Como Superar o Grande Cansaço? e Graça são resultantes de pesquisas subsidiadas pelo Programa Rumos Itaú Cultural Dança 2009/10, sob curadoria de Sonia Sobral.

– Trabalhamos com uma verba de caráter nacional, portanto os resultados dos programas e das ações do Itaú Cultural não podem ficar restritas a São Paulo. Uma das potências do Rumos é justamente a articulação e a circulação que promove – diz Sonia. – Penso que o tamanho do Brasil é, ao mesmo tempo, sua força e sua fragilidade, porque não sabemos de nós mesmos. Além de Caxias, a Difusão Rumos Dança chega a Palmas, Boa Vista e Rio Branco – prossegue.

Caxias também contribui para esse panorama sobre a dança contemporânea com Intercafes2, do coreógrafo Ney Moraes, que une a Cia. Municipal de Dança e o Grupo ArticulAções. O trabalho é uma escrita coreográfica resultante das possibilidades corporais das duas formações. Já em Florescer, a bailarina Cristina Lisot cruza linguagem de vídeo com a dança para, em sintonia com a cena nacional, falar sobre emergências artísticas e estéticas que brotam na contemporaneidade.

Solos Contemporâneos – Alguns Rumos é organizado pela coluna 3por4 do Pioneiro, em parceria com a Unidade de Dança da Secretaria da Cultura e o Grupo ArticulAções – Núcleo de Pesquisa Ciências e Artes do Movimento Humano, da UCS.

Fonte O Pioneiro / Carlinhos Santos

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