Cantora se apresentou no sábado dentro das comemorações do centenário da empresa Tramontina Se todos os 25 mil moradores de Carlos Barbosa tivessem comparecido ao show de Ivete Sangalo na noite de sábado, o número ainda assim seria inferior ao do público total convidado para a festa.
Para celebrar o centenário da empresa que é quase sinônimo da cidade serrana, ergueu-se do zero uma megaestrutura, distribuíram-se 30 mil convites e disponibilizaram-se quase três centenas de ônibus para transportar a população da região.
A comemoração de números superlativos começou a ser planejada em julho do ano passado. A Tramontina, gigante com faturamento de R$ 2,5 bilhões e 6,5 mil funcionários, fabricante de 17 mil itens de utilidades domésticas exportados para 120 países, é onipresente no município.
Mais do que dar nome a talheres e panelas, faz parte da vida barbosense: pode-se arriscar dizer que toda família tem algum membro que trabalhou, trabalha ou vai trabalhar na empresa.
– Nasci e me criei na fábrica – contou a contadora Elisabete Odibert, 61 anos, filha de um fabricante de canivetes que morava no terreno da Tramontina e hoje é a funcionária mais antiga, completando 50 anos de casa em 2012.
A escolha da estrela que protagonizaria a noite mais agitada da história de 53 anos do município (quando o avô do atual presidente Clovis Tramontina deu início ao negócio, em 1911, Carlos Barbosa ainda se chamava Vila de Santa Luiza, pertencente a Garibaldi) foi um consenso instantâneo de um fã só.
Admirador fervoroso da cantora baiana, Tramontina garantiu um domingo de dezembro na agenda da artista.
— Ela é meu sonho de consumo. É querida, um show, espetacular. Cumprimenta todo mundo. Até me achou bonito — disse o empresário de 56 anos, casado e pai de três filhos, que foi ao Gigantinho prestigiá-la em outubro.
Com a proximidade da festa, veio o susto: hospitalizada com meningite, Ivete cancelou uma série de compromissos no final do ano – incluindo a passagem por Carlos Barbosa.
Vencido o sobressalto, o dia 17 de março trouxe céu claro e calor para os últimos retoques antes do show. Partindo de três cidades vizinhas, os espectadores começaram a chegar a partir das 13h à localidade de Desvio Machado, onde, num terreno de mais de 20 mil metros quadrados, foi montada a estrutura.
Embalados por DJs e com Neto Fagundes como mestre de cerimônias, os moradores da região conheceram então um espetáculo grandioso e diferente da programação habitual. O
Festiqueijo, realizado anualmente nos finais de semana de julho, atrai até 25 mil pessoas. Jogo importante da ACBF, patrocinada pela Tramontina, chama cerca de 7 mil torcedores. Para o show de sábado, cada funcionário da empresa ganhou cinco convites. Aposentados, dois. O transporte também era grátis.
— Barbosa é uma cidade pequena. Nunca pensei que ela viria pra cá — disse a vendedora Maria Eunice Demari, 42 anos, líder de um grupo de sete vestindo camisetas com a inscrição “Ivetchê” e a foto da cantora estampada dentro de uma cuia de chimarrão.
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